Crônica: Os ciclos do jasmim


 Os ciclos do jasmim

Todos os dias de manhã acompanho minha filha à escola. Não que ela precise pois tem 13 anos, mas gostamos da companhia uma da outra. A escola é perto da minha casa, o trajeto por ruas secundárias, não muito movimentadas, às 7 horas da manhã.

Há mais ou menos um mês, comecei a reparar em um grande jasmineiro no caminho, carregado de flores brancas. Nunca o havia notado antes. 

Na volta, não resistindo ao perfume do jasmim, peguei uma flor caída no chão. Voltei pra casa e passei o dia inteiro cheirando a florzinha. Desde então venho coletado as melhores flores que caem no chão de madrugada. Aquelas que ainda estão bonitas, sem amassados. 

Todos os dias coleto algumas flores e as trago pra casa, coloco-as na mesa entre eu e o laptop e fico sentindo o cheirinho, o dia inteiro. Virei uma cheiradora de jasmins. 

Sentindo uma mudança sutil em meu estado emocional, pesquisei sobre eles. Li todo o material de aromaterapia que encontrei. Lembrei de uma amiga aromaterapeuta dizer que o nariz da gente é fofoqueiro, que sempre mostra o que estamos precisando trabalhar. 

Agradeci ao jasmineiro, a Deus, ao universo, por esta experiência: pela mudança, pela cura.

Hoje, ao fazer o percurso, notei que havia apenas um (unzinho só!) jasmim no chão e me dei conta que está acabando o período de floração. Que tudo passa. Me bateu uma nostalgia, uma dor no peito. E eu, agora uma viciada em jasmins, terei que esperar o próximo ano; trabalhando o desapego e a aceitação, respeitando os ciclos da natureza, exercitando a alma e agradecendo, de todo o coração, pelas maravilhas da natureza.

Foi tão bom enquanto durou, meu amado jasmim, vou sentir saudades. Estaremos eternizados aqui, eu e você, nas belas manhãs de outubro. 

Livia Burity
17/11/17

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